quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pena

Eu tô leve. Tô leve feito pena. Que pena. Pena de você que é pesada e não se entrega. Que se fecha e se protege. Com medo de um passado e de um futuro que nem existe. Eu sou presente. Eu vou voar. Eu tô caindo. Eu sinto. Mas tô tão leve que tocar o chão nem dói.

Textando

E então? Quem poderia imaginar? Eu, tu, nós. Ali e aqui. Eu pude te ver de fora. E de dentro. Pra dentro. Por dentro. Da pele, dos poros, da mente, do corpo. Eu tô vivendo. Eu tô te vendo. E te vivendo. Multipliquei. Sou duas. Sou mais. Sou par e singular. Sou ímpar. E tu é nova. É outra. É ar. Feito fumaça, eu me espalhei por ai. Sujei algumas pessoas. Ceguei outras. E agora meus olhos estão ardendo. Eu te quero tanto que queima. Te quero por querer. Quero te ver voar. E quase encostar. Quero o quase. Pois me dá vontade de mais. Quero mais. Quase tudo. Quase tu. Quase eu. Quase nós. Perto. Preto e cinza. Imperfeito. Incompleto. Sem muito nem pouco. Só isso. Só. Quando eu vou chegando perto da tua boca, eu tenho uma vontade louca de fugir. Só pra te querer cada vez mais. De longe. De cima. De baixo. Por toda a parte. De todas as maneiras que eu puder. Não é só amor. Não é só tesão. Não é paixão. Não é só. Só é.

domingo, 17 de abril de 2011

Dentro da Tela que Virou a Janela

Apagaram. Apagaram as luzes. Apagaram tudo. Eu comecei com um traço simples. Rascunho. Esboço rabiscado de algo que não fazia idéia do que viria a se tornar. Riscos. Primeiro sutis, em seguida, agressivamento descontrolados. Joga fora. Rasga. Arranca a folha. Não apaga. Pega um cigarro. Pra quê? Nem fumo. Sei lá, só faz isso. Faz sem saber. É assim que nós temos agido, afinal. Com quem você tanto fala? Sozinha. Olhando pros dois lados. Não são dois, são quatro! Quatro lados dentro do quarto. O primeiro lado tem porta. O segundo tem janela. O terceiro tem cores. E o quarto, ambiguidade. Aqui dentro tem alguém que superestima a dor. Subestima o amor, põe no chão, varre pra fora. Do quarto, do prédio, da rua, da vida. Esses dias fui dormir, e quando acordei tinham apagado. A tinta do quarto, o desenho e o cigarro.

terça-feira, 12 de abril de 2011

República

Risos, risos, risos. Cada um com o seu problema. Cada um com a sua desgraça e um copo de cerveja. Ou cachaça. Não é como se estivessem fingindo. Pois às vezes nem sequer sabem o quanto estão fodidos. Fodida estou eu. De tanto amor. Amor, por onde você anda? Eu tenho que ficar aqui enchendo o meu ouvido de besteiras. Conversas que eu não presto atenção. Que mais parecem sons e reclamação de gente bêbada. Ou fofoquinhas sobre a fulana ali da esquina. Juro que não é julgamento. É reflexão. Será que não há nada mais produtivo do que discutir a vida alheia? Me deixem em paz! Saiam da minha cabeça. Amor, amor... Onde está você? Vem me trazer sua paz e o seu silêncio, que de ladainha eu já estou cansada. Vou ficando tonta, de papo e de cerveja. Devagar. Tudo se mexe devagar. Mas minha cabeça ainda está ai com você. Que já não me atende o telefone e me deixa preocupada. Sabe que às vezes eu me escondo bem ai. Em toda a sua timidez. Passeio pelo teu corpo, sentindo cada arrepio. Depois que a minha mente abre, não se fecha nunca mais. Escrevo coisas sem sentido pra tentar te fazer sentir. Eu lembro da sexta. Lembro de ti. Ali e aqui. Por toda a parte. E os teus olhos que não fugiram de mim, como eu pensei que aconteceria. Pelo contrário, você me seguia. Pra onde quer que eu fosse. E eu fugia, pra não te beijar ali mesmo. Me escondia, mas não tinha jeito. Eu sei que você sabia que eu te queria ali. E aqui. E onde for. Porque eu já não vejo mais graça em toda essa gente na minha volta, querendo chamar à atenção. Você está ali, tão na sua e tão quietinha, que apaga o brilho de todo mundo. Que faz tudo perder e fazer sentido ao mesmo tempo. É tão simples. Tonta.. tonta e esperando. Queijo, azeitonas, pepino, ovo de codorna e você. Chegou. A comida. Você não vem e não liga. Me pergunto o que deve ter acontecido, enquanto como sozinha e fico bêbada igual à toda essa gente chata. Mas não falo. Não troco uma palavra.