terça-feira, 29 de março de 2011

...ela

Ela chegou e me deixou nervosa. Na verdade, me deixou assim antes mesmo de chegar. Subiu comigo os quatro andares. Sorriu. No quarto, a gente mal conseguia se olhar. E eu tentanva desviar a atenção dela, falando sobre qualquer coisa banal. Disfarçando-a com meu pretexto de filmes e café. Não, eu não tinha más intenções. Só queria que ela estivesse perto. Mesmo que eu nem conseguisse encostar. E foi difícil. Ela estava tão linda, que me intimidava só em existir. Tão frágil e sensível. Calma e leve. Eu não quis perturbar. Ela tinha dezessete, e eu vinte e três. Vinte e três pro resto do mundo. Na frente dela era como se tivesse quinze, pois não sabia ao certo como me comportar. Paralizei totalmente enquanto ela tremia a perna. Depois de muito tempo, tomei coragem pra tocar o cabelo dela. Era fininho, liso e macio. Não importava pra que lado eu jogasse, nunca ficava desarrumado. Estavamos quase deitadas e abraçadas, quando ela tremeu mais. E quando eu encostei meu rosto no dela, puxando-a pra perto de mim, ela respirou diferente. Eu senti que ela estava como eu. A gente sincronizou. Estávamos perto o suficiente dessa vez. Então, com muito medo e insegurança, me atrevi a roubar um beijo. Era como se eu nunca tivesse beijado alguém na vida. Discretamente eu também tremia e o meu coração começou a acelerar cada vez mais. Batia forte contra meu peito como se quisesse sair pela boca e tomar conta de todo o tempo e espaço. Tudo ficou intenso. Tudo vibrava. Eu tentei controlar. Fiquei muda. Finalmente a gente conseguiu se encarar e bobas, ríamos feito crianças. Pouco tempo depois, ela foi embora. Mas sabe, não dói. Porque ela é daquele tipo que te faz sorrir sozinha pela rua.

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